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USINA JATIBOCA

BREVE HISTÓRIA

Em 1882, na cidade vizinha de Ponte Nova, os irmãos José Francisco e Ângelo Vieira Martins, fundaram a primeira usina de açúcar de Minas Gerais, chamada Usina do Pião – ou Usina Ana Florência -, em união societária com o cunhado Manoel Vieira de Souza e Silva e o tio Luiz Augusto de Souza e Silva.

Para se ter uma idéia do tamanho e da importância deste empreendimento, que espalhou cana-de-açúcar por toda região, possivelmente até o nome Urucânia derivou da fusão Urucu + Cana. Sabe-se ao certo que Urucu é o fruto de um arbusto denominado Urucuzeiro, de onde se extrai uma polpa de cor avermelhada, conhecida atualmente por coloral. Os silvícolas a utilizam para pinturas. Da enorme fartura de Urucu, mais o cultivo da cana que se espalhou rapidamente em virtude da fertilidade do solo, mais os costumes dos povos daquela época, com certeza derivou o nome Urucânia.

Urucu + Cana = Urucânia

Conta a história que em 1920, o filho de Luiz Augusto, Custódio Martins da Silva, reuniu um grupo societário e fundou a Usina Jatiboca, em terras localizadas no distrito pontenovense de Urucânia, mais precisamente em terras das Fazendas Jatiboca e Sobradinho, antes pertencentes a Marcos Giardini.

Segundo os estudiosos o nome “Jatiboca” diz respeito a uma espécie de bambu, muito espinhoso, predominante na região, facilmente encontrado por ali até os dias atuais.

A Usina Jatiboca produziu açúcar pela primeira vez em 1925/26, fornecendo para o mercado algo em torno de 2.832 sacos de 60 kg. Já em 1981/82 produzia álcool pela primeira vez, num total de 7.803 metros cúbicos.

Desde que fundada, a administração do grupo esteve em mãos da família fundadora, com destaque para Ary, Hélio e Luiz Carlos Soares Martins, filhos do fundador Custódio Martins da Silva. Praticamente todos os filhos destes têm atualmente participação ativa nos negócios da empresa, e empreendem com a mesma coragem e garra dos antepassados.

A história da Usina Jatiboca se confunde com a de Acácio Martins da Costa, personagem cujo registro torna-se obrigatório em virtude de toda uma vida de dedicação integral e exclusiva ao desenvolvimento da companhia. Quando convidado para participar da montagem da usina não pestanejou, e de suas mãos talentosas nasceram e/ou foram montados implementos importantes para o processo industrial, como engenhos, hidrelétrica e tantos outros.

Sô Acácio, como era carinhosamente tratado, foi um marco para sua época. De cor mulata, sujeito a todos os preconceitos comuns naqueles tempos, foi autodidata no estudo incansável da mecânica e pai adotivo de 10 (dez) filhos. Aos 92 (noventa e dois) anos realizou o sonho de estimular o ensino superior e implantou a Fundação Acácio Martins da Costa, mantenedora da Faculdade de Ciências Humanas do Vale do Piranga, em Ponte Nova. Foi agraciado pelo governo mineiro com a medalha da Inconfidência, uma das condecorações mais importantes do Estado. Morreu aos 104 (cento e quatro) anos.

A Usina Jatiboca empreendeu um projeto industrial em plena Zona da Mata Norte, espalhando suas atividades e trazendo progresso para todos os municípios da região, dentre os quais podemos citar Ponte Nova, Santa Cruz do Escalvado, Oratórios, Piedade de Ponte Nova, Jequeri, Santo Antônio do Grama, Rio Casca, Dom Silvério, São Domingos do Prata, dentre outros. O certo é que todos os municípios vizinhos se beneficiaram com o cultivo da cana, auferindo progresso no campo e em diversos outros setores sociais, que ao longo da história geraram e continuam gerando empregos.

Localizada a 200 Km de Belo Horizonte, vem desde a sua fundação imprimindo progresso a uma região de pouca atividade industrial, mais habituada a lavouras de subsistência, ou de porte médio. Para se ter uma idéia da sua força operacional, na safra de 2004 gerou em torno de 1.500 (um mil e quinhentos) empregos diretos e mantém atualmente, na entre-safra, 934 (novecentos e trinta e quatro) trabalhadores. A área ocupada com a produção de cana-de-açúcar chega a 9 mil hectares, entre terras próprias e de fornecedores, podendo produzir 750 mil toneladas por safra. Fora isto, são incontáveis os empregos indiretos que se fazem acontecer em virtude da circulação de riqueza, e diversos outros investimentos surgidos a cada ano em outros setores da economia regional que incentiva, nutrindo continuamente a possibilidade de aparecimento de novos empreendimentos.

Na última safra a usina moeu cerca de 600.000 (seiscentas mil) toneladas de cana. A safra, que durou 05 (cinco) meses e 20 (vinte) dias, resultou em 1.060.000 (hum milhão e sessenta mil) sacos de açúcar de cinqüenta quilos, e mais de 16.000.000 (dezesseis milhões) de litros de álcool carburante, entre anidro e hidratado.

Para se ter uma idéia da capacidade industrial - em números assustadores, a usina é capaz de moer diariamente 5.000 (cinco mil) toneladas de cana, chegando a produzir 2.000 sacos de açúcar de 50 kg, diante de um processo industrial que atende à mais moderna tecnologia, que vai desde o pagamento da cana por teor de sacarose até o processo de empacotamento. A marca comercial do açúcar e “Alvinho”.

Uma administração moderna e eficiente, que valoriza empregados e respectivas famílias, sempre foi a tônica empresarial da usina. Assim, são constantes os investimentos na construção e conservação de conjuntos habitacionais para atender a uma gama de funcionários, dotados de toda infra-estrutura urbana necessária, que primam pela atenção na oferta de serviços de saúde, serviço social, educação, esportes e lazer, transporte, correios, serviços bancários, farmácia, etc. O trabalhador conta na área de saúde com atendimento médico de urgência e convênios na rede médica e hospitalar da região, na assistência social uma complementação alimentar é oferecida aos colaboradores. Fora tudo isso, uma cooperativa de crédito funciona para atender às necessidades financeiras mais urgentes.

A preocupação com a preservação e recuperação do meio ambiente, com investimentos em técnicas e recursos avançados, tem sido realidade tal que em 1995 projeto ambiental da usina mereceu destaque na ONU (Organização das Nações Unidas), simbolizando a gerência constante e de expressiva preocupação com a exploração adequada dos recursos naturais, consoante a atual realidade mundial de preservação do meio-ambiente.

Apesar de décadas de dificuldades e enfrentamentos às vezes insólitos, a usina persiste apitando e exalando na chaminé o cheiro do progresso regional.

“A história do Vale do Piranga tem o cheiro adocicado exalado pelas moendas da Jatiboca.”