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, Posted by Dieikson Lima at 11:20



Nós perdemos um grande sacerdote

O Céu ganhou mais um Santo


Pressentindo a morte, Padre Antônio deixa registrado:

“Pedindo a Nossa Senhora toda sorte de graças para os meus parochianos e a misericórdia de Deus para minha alma desejando que o enterramento de meu corpo seja feito com toda modéstia e humildade christan, rogo a Exma. Snra. D. Modestina Chaves e a seu digno filho meu muito bondoso Amigo Snr. o Dr. José Miranda Chaves, residentes na cidade de Rio Casca, a caridade de como meus testamenteiros fazerem cumprir este meu testamento. E peço serem realizadas uma missa por ocasião de minha morte, no terceiro, no sétimo e no trigésimo dia!”.

Eram vinte e uma horas do dia 22 de julho de 1963, quando a notícia começa a se espalhar por Ponte Nova e todo Brasil. Falecera Pe. Antônio Pinto, vitimado pela idade, enfraquecido pelo árduo trabalho, pela pobreza e pela fome de tantas vezes, debaixo de sol e chuva no lombo de animais, depois de um longo calvário.

Internado no Hospital Nossa Senhora das Dores em Ponte Nova, desde 25 de maio do corrente, para onde fora levado pelo médico Dr. Abdalla Felício e recebido com carinho extremo por todos os profissionais de saúde que ali militavam, dentre os quais cabe ressaltar as Irmãs de Caridade “Filhas de Maria Auxiliadora”, que auxiliavam os médicos como enfermeiras e pregadoras da Palavra de Deus em prol da saúde dos pacientes.

No dia seguinte, uma missa é celebrada na Capela do Hospital e logo em seguida, sob forte comoção popular, o cortejo segue até a Igreja Matriz, na Avenida Caetano Marinho, onde milhares de pessoas aguardavam tristes e ansiosas para se despedirem daquele que consideravam Santo.

Tudo para em Ponte Nova e região. Os comércios fecham as portas, escolas, fábricas, tudo emudece. Os fiéis buscam a verdade. Queriam ver o Padre e se despedir dele, em última homenagem. O povo decreta feriado.

Naquele mesmo dia, o cortejo chega em Urucânia e fica exposto à visitação pública na Igreja da paróquia.

Caía a tarde, quando cerca de cinco mil pessoas levaram o saudoso Pe. Antônio Pinto até o cemitério local, onde permaneceria até o ano de 1975.

O médico, Dr. Abdalla, Prefeito de Ponte Nova, usando da palavra, despediu-se do Reverendo em nome da comunidade:

‘....Mas, não para chorar-vos, apenas, nos unimos, nesta hora de dor, em que e estende a tôdas as paragens do Brasil, ultrapassando os limites da Pátria, um manto de tristeza e de luto. Na antevisão da saudade perene, alanceadora, filha de vossa ausência, estamos aqui, certos do prêmio que o Senhor, na eterna mansão dos justos, ora vos confere. Aqui nos achamos, também, implorando-vos continui a olhar Ponte Nova e seus filhos com a mesma bondade e ternura que lhes dedicastes, no cumprimento do ministério divino. (...) Pedindo a última bênção, tributamos-nos a homenagem do nosso amor filial – pai de bondade que sempre fôstes – agradecendo a Deus a ventura que nos propiciou de vos acolhe de eleição, em cujos gestos, a par de copiosos favores espirituais, brotavam ensinamentos capazes de aperfeiçoar a almas, iluminá-las, encaminhá-las ao verdadeiro destino. (...) Havemos, os pontenovenses, de ter a vossa piedosa lição, rogando-vos seja o permanente intercessor junto ao Pai Comum, em pról da terra que tanto vos quis e tanto honrastes – e ora vos beija, entre lágrimas de saudade, as mãos sacrossantas. (...) Recebei, neste momento de universal angústia, Padre Antônio, a homenagem carinhosa, o preito de reconhecimento do Governo e do povo de Ponte Nova”. Discurso publicado no Jornal do Povo – Ponte Nova – 28.07.1963.

O Jornal do Povo traz publicado em 18 de agosto daquele mesmo ano: “Nesta época, Ponte Nova era o maior centro da agro-indústria do açúcar em Minas, duas estradas de ferro, vasta rede rodoviária, intenso intercâmbio com os mercados consumidores, dez agências bancárias, cinco usinas de açúcar, fundições, fábrica de papel, numerosas indústrias menores, ritmo de construções dos mais expressivos, movimento de veículos pouco observado no interior, cinco estabelecimentos de ensino secundário, três de assistência social, hospital modêlo, centro de saúde, ambulatórios, lactários, seis grupos escolares, unidades escolares dissemindas pela hiterlândia do Município, entidades esportivas e culturais excelentemente aparelhadas, fruto exclusivo da iniciativa local, parca de esportes do Estado, prestes a inaugurar-se...”

No cemitério de Urucânia permaneceram os restos mortais do querido e saudoso Pe. Antônio Pinto, por cerca de 12 anos, enquanto seguia a passos firmes a construção do Santuário de Nossa Senhora das Graças, fruto de seu cérebro desde os difíceis tempos de Seminário.


O Santuário é sua morada eterna

Passados doze anos de seu falecimento, o Sr. Arcebispo Dom Oscar de Oliveira autoriza o traslado dos restos mortais de Padre Antônio Pinto, do cemitério paroquial para um túmulo no Santuário de Nossa Senhora das Graças, ao lado do altar, onde será sua sepultura definitiva.

“Se pensarmos no amor e na saudade dos que foram seus – viveu pouco;

se pensarmos nos grandes feitos de sua vida – viveu muito;

se pensarmos nos tropeços com que defrontou – viveu mais do que muito;

se pensarmos no anseio imenso de quanto o conhecemos e admiramos – há de viver sempre ad multos annos”.



Ata da exumação dos restos mortais do Revmo Pe. Antônio Ribeiro Pinto


Aos dois (2) dias de abril de mil novecentos e setenta e cinco (1975), aniversário natalício do Revmo. Pe. Antônio Ribeiro Pinto, que completaria hoje 96 anos, as 9 hs., comparecemos no cemitério paroquial de Urucânia, o pároco local, Pe. Jaime Antunes de Souza, o Sr. Manoel Mayrink Neto, dd. Prefeito municipal, e mais os Revmos. Côn. Antônio de Pádua Souza, pároco de Mariana e Pe. Rafael Faraci, pároco de São Sebastião de Ponte Nova, os srs. Joaquim Ambrósio dos Santos, José Cândido, Raimundo Santos, Bernardino Alves Mayrink, Sebastião Barbosa, José Coelho, Antônio Oliveira Pinto, José Renato Mayrink, José de Castro Sobrinho, José M. Bayão, Vicente de Paula Henrique, Antônio Bartolomeu Barbosa e sra., Revda. Ir. Angélica Franciosi, srta. Alcione Gil, D. Maria da Glória Pinto Mayrink, Maria da Consolação Costa Castro, Jovita Maria de Castro e eu, Mons. Antônio Russo, Vigário Geral da arquidiocese, que lavro esta ata. Abriu-se, então, o túmulo do Revmo. Pe. Antônio Pinto, nascido em Rio Piracicaba, MG, aos 2 de abril de 1879, ordenado sacerdote aos 9 de abril de 1912, tendo sido pároco da vizinha cidade de Santo Antônio do Grama cerca de 26 anos, falecido no Hospital de Ponte Nova aos 22 de julho de 1963. Recolheram-se os seus ossos numa urna, que transportamos para a casa onde ele residiu em Urucânia por vários anos. No próximo dia 6 de abril, os seus restos serão transportados para serem inumados no seu túmulo definitivo, construído no interior do Santuário de Nossa Senhora das Graças de Urucânia, ao lado do altar-mor, onde benzendo na ocasião o túmulo, o Sr. Arcebispo de Mariana, O. Oscar de Oliveira, no próximo dia 9 de abril, celebrará solene Missa de Réquiem.

Para memória do ocorrido, lavrei esta ata, que assino, juntamente com as demais testemunhas.

Urucânia, 2 de abril de 1975

Mons. Antônio Russo, Vig. Geral